Fonte: Edna Campos.2015
Somos as primeiras gerações de
pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E
com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e
compreensivos, mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na
história.
O grave é que estamos lidando com
crianças mais "espertas", ousadas, agressivas e mais poderosas do que
nunca.
Parece que, em nossa tentativa de
sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos
a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de
pais que obedecem a seus filhos...
Os últimos que tivemos medo dos
pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando
dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os
últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos (às vezes sem
escolha...) que nossos filhos nos faltem com o respeito.
Na medida em que o permissível
substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma
radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais
aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam a suas ordens e os tratavam
com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam
seus pais.
Mas, à medida que as fronteiras
hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanecendo, hoje, os bons
pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os
respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais,
pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas
preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, os patrocinem no que
necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis se
inverteram, e agora são os pais quem tem que agradar a seus filhos para
ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem
hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e "dar tudo" a seus
filhos. Dizem que os extremos se atraem.
Se o autoritarismo do passado
encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de
medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que,
durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de
sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para
onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme,
respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas
enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás,
carregando-os, e rendidos à sua vontade.
É assim que evitaremos que as
novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece
ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Os limites abrigam o indivíduo.
Com amor ilimitado e profundo respeito.
Monica Monasterio