quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Feliz Natal




“Natal é a demonstração de carinho e afeto em família. 
O perdão sendo penetrado nos corações e divulgado em palavras.
O sorriso junto do abraço fraterno, que cura.
A alma lavada e a esperança restaurada.
A fé que alcança os sonhos.
A vitória que vence o medo.
Paz que faz a alma mais leve.
O céu que se une ao mar.
O tempo da felicidade sem espera.
Natal, nada mais é, do que o conceito comum de que um dia unidos, somos fortes, irmãos, fraternos, sinceros e eternizados em corações alheios.
A sorte da vida é ter momentos assim, porque mesmo na terra, conhecemos a imensidão do céu, ainda que seja por alguns momentos.
E só de viver esse momento, a vida já tem outro significado.”


V. Ávila 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ao Amor Antigo.



O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Nunca desista, mas esteja sempre preparado



Fonte: Edna Campos.

De vez em quando escutamos o seguinte comentário:
“Vivo acreditando em sonhos, muitas vezes procuro combater a injustiça, mas sempre termino me decepcionando”.
Um guerreiro da luz sabe que certas batalhas impossíveis merecem serem lutadas, e por isso não tem medo de decepções – já que conhece o poder de sua espada, e a força do seu amor. Ele rejeita com veemência aqueles que são incapazes de tomar decisões, e estão sempre procurando transferir para os outros a responsabilidade de tudo de ruim que acontece no mundo.
Se ele não luta contra o que está errado – mesmo que pareça acima de suas forças -  jamais encontrará o caminho certo.
 Um texto dizia o seguinte:
“Hoje uma grande chuva me pegou de surpresa, enquanto eu caminhava pela rua... graças a Deus eu tinha meu guarda-chuva e minha capa. No entanto, ambos estavam na mala de meu carro, estacionado bem longe. Enquanto eu corria para pegá-los, pensava que estranho sinal estava recebendo de Deus: temos sempre os recursos necessários para enfrentar as tempestades que a vida nos prepara, mas na maior parte das vezes estes recursos estão trancados no fundo de nosso coração, e isso nos faz perder um tempo enorme tentando achá-los. Quando os encontramos, já fomos derrotados pela adversidade.”
Estejamos, portanto, sempre preparados: caso contrário, ou perdemos a chance, ou perdemos a batalha.

Paulo Coelho
Continuo me preparando.

domingo, 20 de julho de 2014





Feliz dia do amigo.
Saudades de todos.
Ando ausente,estudando e quem sabe também, cultivando orquídeas.
Abraços. Edna Campos.

domingo, 30 de março de 2014

domingo, 2 de março de 2014

Sotaque das mineiras. Segunda parte

Fonte: Edna Campos

2ª   parte

"Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.

Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:

— Eu preciso de ir.

Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:

— Ah, mãe, eu preciso de ir?
 No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora!
 Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará:

— Ai, gente, que dó.

É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado.

Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira  dizer que algo é muitíssimo bom  ela, se for jovem, vai gritar: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, ideia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?-

 Ah, nem...

O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão..."
C. Drumond.

Vou parando por aqui.
O dicionário mineirês é enorme
Aproveitando umas férias da faculdade pra relembrar minhas origens.
Boa folia a todos.



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sotaque das Mineiras: Primeira parte.

Fonte: Edna Campos
""Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitosíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.

Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é...

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho.

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem — lingüisticamente falando — apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.

Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro — metaforicamente falando, claro — ele é bom de serviço. Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário.

Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).

O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:

— Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.

Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa””

Carlos Drumond de Andrade.
Eu sou mineira UAI!
 A foto ainda é do tempo que o sotaque não estava tão misturado com o de outras regiões do país.
Original.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Por que sonhas, Minas?


Fonte: Museu de Inhapim


“Minas Gerais: há sempre uma procissão passando, um sino tocando nas igrejas e nos corações, e uma conspiração em curso.
Ah, Minas Gerais: de onde vem essa rua permanente, clandestina, diária, camuflada, subversiva inconfidência?
Vem dos cristãos novos, que se asilaram em tuas cidades e aportuguesaram os nomes suspeitos?
Vem dos negros que fizeram de ti a África-mãe?
E essa tua mania, Minas Gerais, de ser altaneira, de não ficar de joelhos a não ser diante de Deus e dos teus santos de fé, e, ao mesmo tempo, ficar olhando para o chão, para os lados, de nunca encarar o teu interlocutor ou inquisidor, de onde vem teu jeito simulado, Minas Gerais?
Por que sempre parece que tens medo, Minas Gerais?
Por que tua coragem, de dar um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair, vem sempre travestida, disfarçada?
Por que, Minas Gerais?
Amo em ti, Minas Gerais, não apenas essa rebelião que carregas no peito como um vulcão clandestino, amo em ti o culto dos sonhos impossíveis.
A liberdade era a amante mais desejada, mais sonhada de Tiradentes, era seu sonho impossível - e, por ele, Tiradentes morreu.
Teu filho Santos Dumont deu asas ao impossível sonho humano de voar.
E antes de Santos Dumont, o que foi o Aleijadinho, senão um mágico que transformava em realidade impossível sonhos em pedra-sabão?
Minas Gerais: Juscelino plantou uma flor de concreto, a que deu nome de Brasília, no cerrado. Era também a realização do impossível. E teu filho e rei, Pelé, nascido em Três Corações, escolhia os mais tortuosos e difíceis caminhos para o gol, e sempre perseguiu o gol impossível, o único que não conseguiu realizar: o de surpreender o goleiro com um chute de longa distância.
Minas Gerais: amo em ti a contradição.
 És barroca em Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, Congonhas e Mariana, e moderna na Pampulha.
Aqui, tu acendes o fogo, incendeias os corações: ali tu és, minas Gerais, a água na fervura, a água apagando o fogo.
Tu és sertão e cidade, és o passado e o presente, és o Rio Doce e rios amargos, trágicos, és um casarão com 38 janelas e és uma casa moderna e ensolarada.
Por que sonhas, Minas Gerais?
E por que, Minas Gerais, quando sorris, quando estás alegre, sempre acabas punindo tua própria alegria, como se ela, como tus sonhos de liberdade, te fosse proibida?
Por que sempre estás pensando que comete um grave pecado, Minas Gerais?
Por que teus filhos rezam mesmo quando são ateus?
Por que, Minas Gerais, por quê?"
 Roberto Drummond
.... E a Saudade da minha Minas Gerais.!



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Quero colo




“Exatamente assim. Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções.

Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros ... quero parar de me doar e começar a receber.

Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre virgulas, aspas, reticências... eu vou gostando... eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou... e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos... e vou... dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.”

Caio Fernando de Abreu